“Tenho experiência de 37 anos como dentista, sou apaixonado por prótese clínica e laboratorial e atuo nas duas áreas.
Durante 34 anos eu me esforcei para tornar as próteses o mais precisas possível, sejam elas simples restaurações ou grandes reabilitações. Esse trabalho me trouxe muita satisfação, pois consegui alcançar bons resultados, mesmo com os materiais e métodos da época. Até hoje revejo alguns deles nas manutenções e retornos periódicos dos clientes, e percebo como o trabalho foi bem feito, o que me deixa muito satisfeito.
Ingressei na odontologia digital há quase 4 anos e essa experiência me ensinou muito. Por conhecer as vantagens de ingressar neste campo, decidi expor minha experiência e opinião sobre como é ser um dentista digital na prótese.

Inicialmente, considero que o dentista que opta por um laboratório equipado com fresadoras, scanners e impressoras, já se tornou parcialmente um “dentista digital” por já usufruir de algumas tecnologias da área, como: arquivo digital de modelos e trabalhos protéticos concluídos que podem ser recuperados e refeitos; participação em trabalhos disponibilizados em arquivos HTMLs, que permitem a visualização dinâmica dos modelos articulados, das delimitações dos preparos e dos desenhos das restaurações, protocolos, placas de mordida possibilitando interferir e sugerir modificações que considerar pertinentes; planejamento digital dos casos estéticos que podem se tornar modelos físicos impressos para construção de muralhas para Mock ups; diminuição do prazo de confecção dos trabalhos e alta qualidade de adaptação e, por fim, acesso a uma gama de materiais restauradores que são possíveis nos métodos digitais, tais como zircônia, PMMA, restaurações híbridas, fibra de vidro, entre outros.
Entretanto, o passo definitivo para ingressar na odontologia digital é adquirir um scanner intraoral. Apesar do valor considerável, posso afirmar por experiência própria que o investimento vale cada centavo, se feito com planejamento.

Como disse no início, na minha carreira sempre foquei em procurar a maior precisão possível na realização dos trabalhos, e para isso investi muito em treinamentos, materiais e equipamentos, sempre buscando atingir o meu melhor desempenho com o que eu tinha!
Desses esforços, houve dois pontos que mudaram completamente meus atendimentos com o scanner intraoral: ajustes oclusais e precisão de adaptação dos trabalhos executados. Estes dois aspectos são passíveis de erros e distorções nos processos convencionais de produção de próteses. Mas sendo um dentista digital, eles são minimizados.
Por exemplo, quanto ao ajuste oclusal, os trabalhos que eu fazia na fase “pré digital” eram preparados e moldados por mim, assim como eu também fazia o registro de mordida, preparava os modelos no laboratório e produzia minhas próprias restaurações. Na maioria das vezes, havia mais ajuste oclusal do que o esperado. Isso ocorre devido aos erros provenientes de deformações na moldagem, como rompimentos de materiais e má articulação dos modelos devido à precária adaptação do registro de mordida nos modelos.
Contudo, no processo de escaneamento intraoral esses problemas não existem. Estando o paciente na máxima intercuspidação (importante checar isso, pois é uma fonte de erro, “morder na posição errada” é comum em alguns pacientes), o registro de mordida digital não sofre nenhum processo que pode alterá-lo e, portanto, o processo cansativo dos ajustes oclusais na consulta de cimentação ou de entrega do trabalho protético é incrivelmente reduzido, quando existem, a um ou dois contatos mais proeminentes. Isso melhora ainda mais com os registros de movimentos mandibulares que possibilitam ajustes nos movimentos excursivos contactantes.
Além disso, os pacientes que experimentaram ajustes antes da instalação de trabalhos restauradores e, algumas vezes necessitando mais de uma consulta devido à quantidade de desgaste, ficam perplexos e admirados com a precisão! Ou seja, ser um dentista digital é vantajoso para o profissional e também para o paciente.
Adaptar restaurações nunca foi um problema para mim, pois sempre fui cuidadoso com reparos, afastamentos e moldagens, mas mesmo assim, minhas restaurações nunca foram tão precisas nas margens (sem excesso sensível na ponta do explorador), como têm sido nos meus trabalhos com escaneamento intraorais, fresados e terminados em microscópio.

O motivo dessa precisão é o fato de evitar diversos erros que vão se acumulando desde a moldagem, vazamento e tratamento dos troquéis de gesso.
Portanto, colegas de profissão, eu posso dizer que considero uma sábia decisão se tornar um dentista digital, visto que as técnicas da odontologia digital são o futuro da profissão. Além disso, estamos em constante desenvolvimento tecnológico, o que vai transformar definitivamente a área da odontologia, desde as especialidades restauradoras até a ortodontia.”
