Sabemos que a perda total ou parcial de elementos dentários requer a aplicação de técnicas para devolver ao paciente uma oclusão equilibrada, além de função mastigatória, fonética e estética.
Para tanto, a Odontologia lança mão, entre outros recursos, das próteses dentárias, que estão disponíveis em diferentes formatos e materiais — sejam eles com metal ou não em sua composição.
Neste conteúdo, vamos falar sobre o emprego de materiais estéticos que podem substituir os metais na Odontologia, garantindo ao paciente uma série de benefícios, como longevidade e durabilidade da restauração. Boa leitura!

Importância da reabilitação oral
Hoje, a beleza e a harmonia do sorriso estão diretamente relacionadas com a saúde física, mental e, também, com o bem-estar do paciente.
Afinal de contas, o sorriso gera impactos na autoestima e influência o convívio social. Consequentemente, está associado a uma melhor qualidade de vida e à satisfação pessoal.
Logo, antes de iniciar qualquer consulta ou tratamento, cabe ao cirurgião-dentista colocar o paciente no centro, entendendo suas dores e expectativas e procurando os melhores recursos para atendê-lo com excelência.
Principais causas da perda dentária
Antes de falarmos sobre as técnicas de reabilitação oral, vale pontuar os principais eventos que levam os pacientes à perda dentária. São eles: Cárie e doença periodontal, as quais têm maior prevalência e são as principais responsáveis pela perda de estruturas dentais; Bruxismo; Erosão química; Trauma por quedas e atividades esportivas, por exemplo; Condições socioeconômicas do paciente.
Pacientes edêntulos costumam isolar-se, evitando o convívio social. Além disso, podem perder oportunidades de trabalho, já que quase todas as empresas exigem boa aparência pessoal e facilidade na dicção (articulação de palavras, sons) para contratarem profissionais.
Por isso, mais do que reabilitar o sorriso do paciente, o cirurgião-dentista transforma vidas.
Odontologia restauradora e uso de cerâmicas
A cada dia, a Odontologia restauradora promove um grande número de inovações, com resultados cada vez mais satisfatórios, tanto no que diz respeito ao aspecto estético como no funcional.
Nesse ponto, vale ressaltar o uso de restaurações cerâmicas, materiais com características que mais se assemelham à estrutura dentária em comparação com a metalocerâmica.
Aliás, os sistemas cerâmicos possibilitam a confecção de infraestruturas bem finas e preparos mais conservadores sem comprometer a estética. A previsibilidade no tratamento com o uso de enceramento e mock-up é algo que também merece destaque.
Cimentação
Outro ponto é a cimentação, um dos fatores essenciais para o sucesso e a longevidade do trabalho.
Por exemplo: em facetas em cerâmica com espessura delgada (0,4 a 0,7 mm) relacionadas a preparos minimamente invasivos, é preciso o uso de cimento autoativado. Esse cuidado evita qualquer alteração no cimento que comprometeria a estética, pois a espessura fina da peça não seria capaz de mascarar a alteração de cor.
Próteses metal-free e seus usos
Muitas vezes, a escolha do material restaurador representa um desafio para os profissionais de Odontologia. A boa notícia é que, com o avanço na área, muitas alternativas surgiram para facilitar a vida dos cirurgiões-dentistas.
Um movimento que merece ser sublinhado é a substituição, cada vez mais veloz, da metalocerâmica pelas próteses metal-free. Feitas de cerâmica pura, elas são consideradas as mais estéticas do mercado atualmente.
Abaixo, elencamos as possibilidades de uso do material:
- Coroas — preparos maiores e quando engloba todas as faces do dente; –
- Facetas — procuradas principalmente por uma questão estética. Para região vestibular do elemento dental, logo, apresentam um preparo na região vestibular e interproximal;
- Lentes de contato — preparo mais conservador na região vestibular, sendo assim, a peça em porcelana também é mais fina;
- Prótese dentogengival — casos de perda óssea ou tecidual, o que compromete esteticamente essa região;
- Restaurações indiretas (onlay, inlay, overlay e endocrown) — casos de perda parcial da estrutura dentária, envolvendo uma ou mais cúspides, estruturas de reforço e até dentes tratados endodonticamente.

Benefícios das próteses metal-free
As próteses metal-free proporcionam uma série de benefícios aos tratamentos de reabilitação oral e, consequentemente, aos pacientes.
Listamos os principais:
- Aparência gengival satisfatória, livre de hipersensibilidade;
- Estética superior em relação às próteses metalocerâmicas;
- Boas propriedades ópticas;
- Resistência flexural;
- Boa estabilidade de cor;
- Alta translucidez;
- Mínimo desgaste dental;
- Mínimo estresse flexional;
- Propriedades mecânicas e ópticas semelhantes aos dentes naturais;
- Alto índice de longevidade e durabilidade quando bem executadas (taxas de sucesso de até 100% em 5 anos e de 53% a 93% em 10 anos).
Restaurações indiretas
As restaurações indiretas — onlay, inlay, overlay — têm ganhado tanto espaço no ramo da Odontologia que merecem um tópico à parte.
Bastante utilizadas para reabilitar dentes posteriores, elas são recomendadas em casos de cavidades médias a extensas e fratura de uma ou mais cúspides.
As restaurações cerâmicas indiretas oferecem vantagens que valem ser pontuadas: Alto grau de resistência; Boa estabilidade de cor; §Biocompatibilidade; Menor desgaste; Tensões concentradas na porcelana, fraturando-a antes de gerar fratura no elemento dental.
Inlay, onlay, overlay
É importante entender as especificidades de cada tipo de restauração para trabalhar adequadamente com elas. Veja:
Inlay
Engloba preparo intracoronário sem o envolvimento de cúspides.
Indicação: dentes com estrutura remanescente sadia e que não necessitam de proteção. O objetivo é somente devolver a estrutura perdida por meio da restauração.
Onlay
Envolve uma ou duas cúspides.
Indicação: casos em que é preciso proteger o remanescente dentário.
Overlay
Abrange todas as cúspides.
Indicação: casos em que o dente precisa de proteção mecânica.

Preparo das restaurações indiretas
O preparo das restaurações inlay, onlay e overlay deve ser preferencialmente supragengival em pacientes com:
- Boa higienização oral;
- Índice baixo de cárie;
- Oclusão equilibrada.
O passo a passo é o seguinte:
- Desgaste oclusal;
- Preparo da caixa oclusal;
- Preparo das caixas proximais;
- Desgaste proximal (com remoção de contato com dente vizinho);
- Finalização do preparo.
Já o acabamento das paredes cavitárias requer:
- Baixa rotação, de preferência, com uso de adaptador;
- Arredondamento da totalidade dos ângulos;
- Avaliação da expulsividade das paredes do preparo;
- Realização do provisório e verificação da espessura que a futura peça em cerâmica ou em resina apresentará.
Se necessário, deve ser feito também o desgaste adicional para o alcance da espessura ideal, evitando a fragilidade da restauração.
Vimos, no decorrer do conteúdo, que o uso de materiais estéticos e restauradores sem metal tem sido uma constante na Odontologia, vindo a substituir cada vez mais a metalocerâmica, devido aos grandes resultados que oferecem nos tratamentos de reabilitação oral. E você, já faz uso desse tipo de material em suas próteses dentárias?

Referência:
FAGUNDES, M. B. et al. Possibilidades de reabilitação oral estética livre de metal. Revista FAIPE (v. 11, n. 1, p. 146-161, jan./jun. 2021).